segunda-feira, 12 de novembro de 2012

De Eduardo Britto da ZNNALINHA em homenagem ao Tremembé pelo seus 122 anos

 TREMEMBÉ - 122 ANOS: SAUDADES DO TRENZINHO...

Tremembé - 10/Nov/2012

Estudos do Lions Club Tremembé apontaram que, em 1890, chegaram à região os primeiros "colonizadores" para habitar o então distante Tremembé. Poucos anos depois a construção do "Trenzinho da Cantareira" facilitou o acesso a mais moradores, principalmente portugueses, italianos e alemães. O bairro tem 122 anos de história.
Paisagem verde do Tremembé, vista da r. Mamud Rahd.


Tremembé, em tupi-guarani, significa terra encharcada, pântano. Isso é explicado pela passagem do córrego Tremembé no fundo do vale que forma o bairro. No passado, na estiagem após grandes chuvas, permaneciam águas empoçadas do córrego, formando pântanos, "tremembés".

Para construir os tanques de abastecimento de água para São Paulo na Serra da Cantareira, foi projetada uma linha de trem, saindo do centro da cidade, por volta de 1893. Logo depois essa linha passou a servir como transporte de passageiro, permitindo o crescimento do bairro. A linha do trenzinho da Cantareira serviu o Tremembé por mais de 70 anos, até 1965.
Quadro com trem em 1950, e foto no mesmo largo do Tremembé, em 2012


Pedro Vicente de Azevedo foi presidente (equivalente a governador) da província de São Paulo e tinha uma fazenda na região no século 19. Sua mulher, Maria Amália Lopes de Azevedo, dá nome à principal rua do bairro, e os filhos do casal dão nome a diversas ruas: Albertina, Pedro, Eduardo, Lair e José Vicente. Esses filhos, liderados por Eduardo Vicente de Azevedo, criaram em 1912 a Companhia Villa Albertina de Terrenos, que deu início à urbanização do Tremembé.

A região ficou preservada por sua geografia especial, no fundo de um vale ao pé da serra da Cantareira. Como essa paisagem agradava aos europeus que viviam na cidade, muitas famílias de origem italiana e germânica vieram para o bairro, à procura do clima mais fresco.
Regina Maura e o seu quadro retratando o Tremembé por volta de 1920.


O zoneamento da região também colaborou para a preservação, permitindo que apenas edifícios baixos fossem construídos. Os poucos edifícios mais altos foram erguidos em momentos de "brechas" na legislação de uso e ocupação de solo, conforme sempre disseram os moradores antigos.

Por ser um bairro "fotogênico", o Tremembé é um dos bairros de periferia com mais registros fotográficos ao longo dos anos. Isso também foi devido ao costume antigo que os europeus tinham de fotografar. Essa peculiaridade gerou a prática de artistas plásticos de transformar essas cenas em quadros a óleo, como os mostrados nessa matéria.

Minudências
@ Considera-se que existem três "Tremembés": O bairro, situado entre a praça Dona Mariquinha Sciascia e a Fazendinha; a região, que inclui bairros como Vila Rosa, Vila Albertina e Palmas do Tremembé; e o distrito, divisão oficial da cidade.
@ O distrito do Tremembé é o 4º maior entre os 96 distritos da cidade, e tem uma população de 197.258 habitantes (IBGE- 2010).
@ As ruas Pedro e Lair, até a década de 1970, tinham a maioria de seus moradores de origem alemã. A Vila Irmãos Arnoni homenageia seus fundadores, a família Arnoni, italianos que chegaram ao bairro por volta de 1910.
@ A igreja São Pedro de Tremembé se chama assim, segundo o antigo morador Renato Franco, em homenagem a Pedro Vicente de Azevedo. O santo foi escolhido por seus filhos, que criaram a Cia Villa Albertina de Terrenos, que loteou a antiga fazenda.
@ A Casa de Cultura Tremembé ocupa o prédio da antiga escola estadual Arnaldo Barreto. Antes disso foi um cinema, que na década de 1920 passava filme mudo com música ao vivo.
@ O quadro mais acima, pintado por Suzi Karan, pode ser visto na loja Samyland, na esquina das ruas Maria Amália Lopes de Azevedo e Albertina.
@ Já o quadro pintado por Regina Mendonça, está em exposição na revistaria e livraria O Sabiá que Sabia... Ler, na r. Maria Amália Lopes de Azevedo 352.
@ Antigamente o Lions Club Tremembé promovia os eventos de comemoração do bairro. Mas nos últimos tempos nada tem sido programado. Neste 2012 a data praticamente passou em branco. Vale o registro feito pelos jornais A Gazeta da Zona Norte e o A Chave de São Pedro.
@ O livro São Paulo Tramway Tremembé, volume 2, pode ser encomendado pelo email contato@znnalinha.com.br (O volume 1 está esgotado).







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