Miguel Arcanjo Terra...contou e amocionou...Recordacões do Professor João Pedro Mendonça
A NOBREZA DOS GRANDES HOMENS ESTÁ NO CORAÇÃO
Eu era meio caipira, meio bocó, recém-chegado de São Miguel Arcanjo, ainda com jeito de falar de Moda de Viola, onde o R era mais largo e acentuado que o R da capital e, às vezes, ainda tomava o lugar do L: capitár, carnavár, principár.
Riam de mim e eu nem desconfiava que era de mim nem por quê.
Eu me escondia no fundo da classe no curso de admissão ao ginásio ministrado no Arnaldo Barreto. A aula de que mais gostava era de Português, com o professor João Pedro Mendonça. Era também a que mais temia: o professor João Pedro tinha a rara autoridade de quem não a exibe. E essa é a maior das autoridades.
Todo o ar da Serra eu perdi quando ele me chamou para ler na frente da classe a redação passada em aula: O que você pretende ser na vida?
Comecei a ler entre risos e cochichos, mas prevaleceu a autoridade silenciosa do professor João Pedro. Sem mais um pio, li até este último parágrafo: Quero ser professor. Talvez seja lembrado por alguns alunos. Mas, com certeza serei esquecido para sempre por quase todos.
Com lágrimas nos olhos, o professor João Pedro me oferecia ali uma bolsa de estudos no Ginásio Tremembé. E eu descobria ali que toda a nobreza dos grandes homens está no coração.
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